Alface, a (in)sonsa

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A alface por si só é insípida. A verdade é esta e não há quem possa contestá-la, a não ser, talvez, os grilos e as Top Model´s. O interessante, porém, é que bastam três gotas de azeite, outras tantas de vinagre e umas pedrinhas de sal para que a aborrecida verdura se transforme numa salada. É quase mágico. Como se o seu esplendor estivesse camuflado atrás de uma aparência deslavada. Um pouco como aquela menina de totós e aparelho que, de repente, solta o cabelo em câmara lenta e, só com um sorriso, conquista todos os rapazes.

A alface é isto. É esta pseudo indiferente. Esta falsa apagadita. Esta suposta desinteressante. 

E, afinal, bastam umas ervinhas aromáticas, iogurte e romã; uns pedaços de maçã, nozes e queijo azul; uns gomos de laranja com salmão fumado e amêndoas; morangos e queijo feta; bacon e parmesão; ou, mais à portuguesa, umas rodelas de tomate e cebola para vê-la resplandecer. Sem vergonha e sem falsas modéstias.

Pode pensar-se que o mérito está apenas naquilo que se lhe adiciona, mas não. A alface faz toda a diferença. Desde logo, importa ver se é fresca, se tem a textura e consistência certas, se a variedade escolhida é a ideal para aquela salada, se está cortada de forma adequada…

Nem toda é igual. Há quatro variedades comuns, algumas com nomes muito sugestivos:

– As  repolhudas onde se incluem as alfaces-icebergs e que nos oferecem, a bola-de-manteiga, ou, a sem-rival; as  romanas, como a orelha-de-mula e a loura-das-hortas; as  frisadas, de nomes mais enigmáticos como a escura-do-olival, ou a lolla-rossa; e as galegas. Simplesmente, galegas.

Depois, claro, existe a lisboeta. A chamada alfacinha de gema. Uma delícia, porém já fora do âmbito da gastronomia.

Como se vê, a alface é fresca!

E, se não for, cozinhe-a que também fica uma maravilha. As famosas ervilhas à parisiense, a soberba sopa com pedacinhos de bacon frito ou o simples “cozido” de alface; alternativas não faltam a esta amiga da boa forma.

Se pensarmos que 100 gramas desta verdura contêm apenas 10 calorias, percebemos que é mesmo uma boa aliada. Não há muita coisa a que se possa chamar comida que tenha índices de energia tão baixos. Mas, mais que não engordar, a alface pode até ajudar a emagrecer, na medida em que sacia e melhora a digestão. Há até quem lhe chame a “vassourinha do estômago” pois varre tudo o que não presta de lá para fora.

 Depois de tudo isto, sugerimos-lhe que se banqueteie com alface. Os outros vão ficar verdes de inveja!

Por Teresa Pinto Leite

Fotografia ©Teresa Novak


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