Era uma vez uma rapariguinha magrinha que não gostava de comer e que adorava brincar com os irmãos, atrelada às suas aventuras de rapazes. Essa menina cresceu, viajou, experimentou, aprendeu e transformou-se numa embaixatriz que representou Portugal e espalhou encantos em países como a Indonésia, Angola e Itália. O mundo de Sofia tornou-se maior mas, após terminada a missão de representar Portugal, foi para a casa da sua infância que regressou, a Quinta da Anunciada Velha, em Tomar.
Quis o destino que assim fosse. Muitos metros quadrados de telhados aguardavam vida nova pela mão de Sofia Pinto da França. Recuperar a quinta e abrir as suas portas tornou-se uma missão de Sofia e António, seu marido. O mundo que viveu nas várias missões diplomáticas acabou por recolher-se a esta casa de família. “É o encontro e as casas grandes servem para isso – encontro físico e troca de impressões, discussões, risos, alegrias, o choro das crianças, a paz ao mesmo tempo que se gera, enfim, deste encontro. A quinta tem também uma missão – trazer a paz às pessoas. Eu penso que é um local muito especial.”
A receita das “Perdizes à Conde de Tomar” é também herança de família. O pai de Sofia, bisneto do Conde de Tomar, deliciava-se com as perdizes em casa dos seus avós e a receita passou de geração em geração, mantendo-se, até há pouco tempo, em segredo na família.
É numa mesa grande e comprida, entre risos e discussões, que a receita merece ser partilhada e apreciada: “É extremamente importante o encontro das gerações, das diferente gerações à roda de uma mesa, ouvir os mais velhos, ouvir os mais novos, ouvir os do meio… a troca de opiniões e de maneiras de ser diferente. É uma vivência muito positiva e tão grata, e isso era uma coisa que eu gostaria que se mantivesse.”
Fotografias de Manuel Gomes da Costa