Corria o ano de 1762 quando, por ocasião de um jogo de cartas, num sofisticado salão inglês, foi atribuído um titulo nobiliárquico a…duas fatias de pão. “Sandwich”.
Reza a história, (nunca confirmada), que John Montagu, conde da dita vila inglesa, mandava que o almoço lhe fosse servido nessa forma para não ter que interromper os jogos quando a fome apertava. Aparentemente, foi quanto bastou para que respeitado nome fosse reduzido a snack.
Nobre ou não, a ideia era boa. Simples e em conta. E, quando assim é, o povo não desperdiça. Acolhe, reinventa, melhora, simplifica ou complica. Seja como for, adapta à sua necessidade, sempre tão criativa.
Em Portugal a pomposa “Sandwich” passou rapidamente a “sande”. Assim, sem rodeios, nem peneiras. E, do rosbife ao panado, também não demorou muito.
Ninguém entra num café de beira de estrada para pedir uma “Sandwich” de lombo assado com mostarda Dijon. Pedem-se bifanas e pregos, pedem-se com torresmos, chouriço e, até, com couratos. Nunca mais nem menos que isso. É assim que se faz e é assim que se quer. Não se admitem aí pratinhos pomposos e adornados com batata frita e salada. Uma sande, é uma sande.
Depois há, claro, a sanduiche. Um meio termo que povoa quase todas as lancheiras do verão. A diversidade é abrangente. Depende da fome, da paciência e, claro, da praia em que se está.
No centro, ali para a costa da Caparica, arriscaria dizer que abunda a básica, porém deliciosa baguete com pasta de atum; no litoral alentejano, talvez o pão da zona barrado com pesto e adornado com requeijão ou queijo de cabra curado e umas fatias de tomate a refrescar; lá para cima, nas frias praias do norte, o pão rústico com presunto e queijo da serra pode fazer mais sentido. (Se não vão a banhos, que venham as banhas. Férias são férias!); no Algarve, ao contrário, o calor pede um manjar mais leve, talvez um pão integral cortado finamente, com rodelinhas de cenoura, pepino e pedaços de queijo feta a animar o paladar. Sofisticação Light, come il faut!
Aqui, na minha praia, dentro da minha lancheira, cabem sempre milhares de ideias em forma de sanduiche: o melhor pão, os melhores ingredientes, a mais fresca salada. Carnes frias e quentes, queijos diversos, temperos vários… Ao fim de quatro dias a fazer piquenique para cinco pessoas, o papo-seco misto parece-me sempre uma delícia!
E pela sua lancheira, o que houve/há neste Verão quente de 2016?
Por Teresa Pinto Leite
Fotografia ©Teresa Novak