Quando nos sentámos na mesa minhota de Conceição Pinheiro, e antes de provarmos as maravilhosas rabanadas que deram o mote à história “Bordar a Vida”, estávamos longe de imaginar que, ao provar a “Açorda da Mãe”, seríamos levados aos céus – e que rapidamente desceríamos aos infernos.
Aqui nos confessamos. Fomos aos céus mas pecámos – a tentação, a gula, a ganância – três vezes repetimos. Não ficou um bocadinho para partilhar com quem mais aparecesse… E nós que dizemos que À Mesa Portuguesa cabe sempre mais um… Caber até cabia mas não teria nada para comer. E cegos de prazer, ainda exigimos:
– Conceição, vai ter de nos dar também esta receita!
– As coisas boas são para ser partilhadas! Rematou logo Conceição. Foi aí que nos contou mais uma história – e que para nos redimirmos partilhamos com todos.
Pois é, não fomos só nós que lhe pedimos a receita. Aliás, nem fomos os primeiros a pedi-la. A “Açorda da Mãe” é uma das receitas que brilha no livro “Cozinha Tradicional Portuguesa” de Maria de Lourdes Modesto.
Na início dos anos 80, quando Maria de Lourdes percorria o Minho para testar as receitas que lhe tinham sido enviadas dessa região, e a propósito de outros projectos, cruzou-se com Conceição que lhe deu a conhecer a receita da açorda, prato que era feito por Carolina Teixeira, mãe da Conceição.
“Penso que não sendo eu uma dona de casa nem sendo grande cozinheira – não gosto muito de estar na cozinha – tenho a capacidade de cozinhar porque tive uma mãe extraordinária que gostava imenso de fazer petiscos para o marido e para os amigos que vinham muito lá casa. Fui-me habituando a ver as coisas que ela fazia.”
Que nos perdoe também a Maria de Lourdes Modesto mas a receita é boa demais para não ser partilhada na WWW.
Aqui fica a receita – e o nosso pecado expiado!

Açorda da Mãe
Pois é, não fomos só nós que pedimos esta receita. Aliás, nem fomos os primeiros a pedi-la. A “Açorda da Mãe” é uma das receitas que brilham no livro “Cozinha...