Uma recente crónica do Miguel Esteves Cardoso fez-me lembrar o Virgolino, um galo-cocó que a risonha Edite, uma alentejana que ajudava a minha Avó Eva durante o Verão, deu-me tinha eu os meus 10 anos. Desconheço a razão de ser “cocó” – investiguei e nada apareceu, mas recordo-me de que era de uma espécie mais pequena.
Mas bom, durante as minha férias o Virgolino foi o meu companheiro. De Sines viajou comigo até Tomar. O Virgolino afeiçoou-se a mim e eu a ele – dava pelo nome e parecia gostar das festas que lhe dávamos. Bicava nas mãos, empoleirava-se nos ombros. De estúpido não tinha nada.
Mas a nossa convivência foi curta – “amores de Verão, enterram-se na areia”… Chegou o fim das férias e com ele o fim da companhia do galináceo. Chegara a hora do regresso a Lisboa.
Pese embora a pena de o abandonar, consolou-me o facto de o Virgolino ganhar uma casa digna da sua espécie. Foi acolhido pela Jacinta, uma risonha ribatejana, que o alimentou ao ar livre e em companhia dos seus pares. Não sei qual foi o seu fim, mas imagino.
São poucas as galinhas e galos destes com que me cruzo actualmente. Que inveja tenho da Edite, da Jacinta e do Esteves Cardoso… De supostamente frescos, do campo e de qualidade, restam-me uns ovos biológicos do supermercado.
E já agora, a este propósito, perguntei-me – como ter a certeza da frescura dos ovos?
Resumo de várias fontes:
Um ovo fresco não possui, praticamente, cheiro quando aberto. A clara é translúcida, espessa e de forma firme. A gema é saliente, lisa e redonda. Se a gema for achatada e a clara fluída, é provável que o ovo não seja fresco.
A casca do ovo novo é áspera e opaca. A do velho é mais lisa e ganha brilho. Uma vez rachado, o ovo perde parte das suas propriedades naturais – antes de comprar uma caixa de ovos, verificar sempre se os ovos estão intactos.
Estranhar o aparecimento de manchas de sangue tanto no interior como no seu exterior. Antes de usar um ovo deve parti-lo para uma tigela – se o ovo sair da sua casca com a gema desfeita não deve ser utilizado, pois já está envelhecido.
A cor da casca e da gema nada têm a ver com o valor nutritivo. Depende, no caso da casca, da raça da galinha e na gema, da alimentação dos animais – quando baseada no milho ou em rações com corantes, torna-se mais amarela.
Conservar os ovos no frigorífico, com a ponta mais fina para baixo. Retirar apenas os ovos que são precisos e respeitar a data de validade da embalagem ou nos ovos. A durabilidade não deve exceder os 28 dias após a postura.
Para testar a frescura do ovo:
- mergulhar o ovo em num recipiente (por exemplo um copo fundo) cheio de água fria e verificar se fica encostado ao fundo. Quanto mais flutuar menos fresco é. Os ovos velhos flutuam quando ganham volume, devido ao aumento do espaço da câmara-de-ar, entre a membrana interna e externa.
E já agora, se quiser saber mais sobre raças de galinhas autóctones portuguesas espreite aqui – “Estas raças são caracterizadas pela sua elevada rusticidade, pela sua riqueza genética, pela sua invulgar beleza e requinte e pelas suas extraordinárias qualidades organolépticas (AMIBA).”
Teresa Júdice da Costa
Fotografias de Manuel Gomes da Costa